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Façam bom uso!!!
ETAPAS EVOLUTIVAS DO
DESENHO INFANTIL
O conhecimento
das etapas evolutivas do desenho infantil fornece ao professor mais um
instrumento para compreender as crianças. Somando esse conhecimento a
observação e análise constantes dos seus
trabalhos e considerando sempre o significado mais profundo do ato desenhar –
expressão de idéias e sentimentos – o professor poderá orientar suas ações
pedagógicas relacionadas às atividades de desenho da maneira que considerar
mais conveniente.
Diversos autores
estudaram e descreveram as etapas evolutivas do desenho infantil. Embora a
abordagem e a nomenclatura que eles utilizarem variem, não existindo
divergências profundas entre os autores.
Se em cada idade
a criança concebe o mundo de maneira diferente, e se ela, ao desenhar,
representa, exprime suas concepções a respeito dele, podemos pensar que existem
fases evolutivas do desenho infantil. A faixa etária correspondente a cada uma
das fases, foi colocada, porém é bom que
fique claro que não se pode querer enquadrar a criança nesta ou naquela etapa
de uma maneira rígida. O professor deve estar sensível às manifestações da
criança e, conhecendo as diferentes fases e seu encadeamento, estar apto a
perceber como a criança avança (e por vezes também retrocede) nas suas descobertas
gráficas e expressivas.
A seguir veremos
uma descrição próxima à realizada por Victor Lowenfeld, o qual descreve as
fases e acredita na ação pedagógica, o que vai ativar o potencial criador:
1-) FASES DAS
GARATUJAS (2 A 4 ANOS, APROXIMADAMENTE):
· Por volta aproximadamente dos 2 anos
de idade, a criança, munida de papel e lápis, surpreende-se ao perceber que o
movimento de sua mão deixou uma marca no papel. Surge de forma embrionária uma
nova capacidade – a representação gráfica, o que lhe dá enorme prazer;
· A criança: seu corpo, seu
pensamento, sua visão e ação se estendem para além de seus domínios
conscientes, ignorando as bordas do papel, alongando o seu gesto num movimento
contínuo para além das fronteiras que delimitam o dentro e o fora do campo do
papel;
· Um dos primeiros meios de
comunicação e expressão utilizadas pelas crianças é o movimento;
· As expressões gráficas infantil,
chamadas nesta fase de garatuja, mostram linhas traçadas em qualquer direção,
inicialmente sem nenhum controle, e que significam para a criança prazer,
felicidade e desabafo; além do aperfeiçoamento de uma função muito importante:
a coordenação motora;
· Mesmo sem papel e lápis a criança
passará por esta etapa, treinando na areia, na terra, ou mesmo na sopa;
· É um jogo de exercício que a criança
repete muitas vezes para certificar-se do seu domínio sobre aquele movimento. O
registro deste movimento é um rabisco incompreensível para o adulto: é a
garatuja que se inicia longitudinal e desordenada até adquirir certo ritmo;
· A criança está no período
sensório-motor e sua forma de interagir com o mundo é conquistando novas
estruturas de movimento;
· Este desenho-exercício não conhece
ou não se interessa pela cor. A cor aparece por acaso e não por necessidade, é
a cor que estava próxima da criança enquanto desenhava;
· As garatujas vão se modificando,
conquistando novos movimentos, que de longitudinais vão se arredondando,
tornando-se circulares, se enovelando, se espiralando. Em seguida começam a
aparecer os círculos soltos;
A GARATUJA
APRESENTA VÁRIAS FASES:
A) GARATUJA
DESORDENADA:
· Adestramento motor involuntário –
rabiscação;
· Linhas traçadas em qualquer direção,
sem controle;
· Movimentos amplos, incontrolados,
desordenados, mas que dão prazer à criança que os executa. Ainda é um exercício
motor;
· Os traços são conseqüências da
experimentação e não da intenção.
B) GARATUJA
ORDENADA:
· Sem intenção representativa;
· Os traços podem ser observados pelo
posicionamento no papel, no preenchimento do traçado (global, centrado, bordas
espaçadas, vertical, horizontal, diagonal, etc.);
· Movimentos longitudinais e com o
tempo, vão se tornando circulares e, por fim, se fecham em formas
independentes, ficando soltas na folha;
· Aperfeiçoamento da função de
coordenação viso-motora;
· É quando a criança descobre que há
relação entre o movimento que faz e o risco que deixa sobre o papel,
coordenando sua atividade visual e motora. A experiência que realiza ao dirigir
e controlar seus movimentos lhe dá confiança e satisfação.
· Com a nova habilidade repetem seus
movimentos que se tornam longitudinais;
· O prazer que obtém com a descoberta de
variar os movimentos, comprova a capacidade de controle. Aparecem então as
linhas circulares que são resultados dos movimentos executados com todo o
braço;
· As formas encontradas nascem da
percepção que as crianças têm de seus próprios traçados (pela experimentação).
C) GARATUJA
NOMEADA OU IDENTIFICADA:
· Saída do pensamento motor
(cinestésico = movimentos) para o pensamento representativo
(imaginativo=figuras);
· Atribui nomes ao que faz, mesmo
sendo impossível reconhecê-los ( o desenho é linguagem);
· Usa diferentes tipos de movimentos
em suas linhas e enquanto desenha fala e conta histórias, sem ligação visual;
· A criança explica o mesmo rabisco de
várias maneiras;
2-) FASE PRÉ-ESQUEMÁTICA ( DE 3 A 6 ANOS APROXIMADAMENTE):
· Os movimentos que vêm da garatuja
convertem-se em formas reconhecíveis;
· Pensamento é expresso por meio de
linhas e formas (conhecimento do valor representativo do desenho);
· Os traços passam a ser controlados
pela imagem mental;
· Começam a surgir no desenho das
crianças formas fechadas que se organizam de acordo com determinados preceitos
topológicos = são as primeiras relações espaciais pesquisadas pelas crianças
por meio do desenho (dentro – fora, em cima – em baixo, e assim por diante).
Essas formas fechadas são conquistadas pelas crianças a partir da progressiva
organização dos traçados da garatuja;
· Algumas crianças articulam diversas
formas entre si, numa aparente tentativa de conhecer e preencher o espaço do papel,
percorrendo-o com as formas, ou subdividindo-o por meio de retas que configuram
figuras geométricas (diagramas; sóis; aranhas = gestão gráfica, que por
tentativas transformam-se nos rudimentos de representações das figuras
humanas=começam a surgir os primeiros bonecos, quase girinos). O que representa
um salto qualitativo em nível de pensamento (ampliação da consciência da
criança quanto ao processo de construção da visão de mundo, dissociação do
espaço interior e exterior);
· Elaboração da figura humana, representada
a partir do movimento circular para cabeça e longitudinal para os membros
(representação cabeças – pés);
· Em termos do desenho as formas são
mais estruturadas, porém a cor ainda é arbitrária (as primeiras relações de cor
também serão determinadas por fatores emocionais e podemos nos servir deles
para estimular as relações cor-objeto) e a ocupação do espaço ainda não obedece
nenhuma regra;
· A flexibilidade evidenciada através
da procura constante de esquemas deve ser manipulada para uma maior sensibilização
da criança frente ao seu próprio “eu” (fazê-la sentir cada parte de seu corpo e
as funções de cada uma serão interessantes para um maior desenvolvimento);
· O exagero de determinadas partes
também aparece para identificar a importância daquele elemento dentro da ação;
· Os desenhos parecem dispersos,
porque tudo gravita em torno dela, etapa bastante egocêntrica;
· A incapacidade de relacionar
elementos no espaço, próprios desta fase, servem como identificação de que a
criança ainda não está apta a relacionar as letras e sons para aprender e ler e
escrever;
· A motivação e o estímulo a partir
desta etapa adquirem grandes significados, onde o professor deverá ativar o
conhecimento passivo, estendendo o campo de referências a partir do tema
trabalhado e do desenho da criança;
· As principais características da
fase pré-esquemática são as seguintes:
1. A criança desenha o que sabe dos
objetos, não aquilo que vê;
2. A criança descobre e conquista a
forma;
3. Não há relação temática entre os
objetos desenhados;
4. Começa a surgir à figura humana;
5. Surge na criança a vontade de
escrever;
6. Começa a ser construído o símbolo.
3-) FASE ESQUEMÁTICA (6 A 8 ANOS
APROXIMADAMENTE):
· A principal característica dos
desenhos esquemáticos é que neles as figuras encontram-se organizadas segundo
temas e com uma ordem especial clara. A criança já se relaciona com as demais,
cooperando melhor e tendo uma visão menos egocêntrica do mundo a sua volta;
· A ordem definida nas relações
espaciais é representada pela linha de base e indica grandes mudanças no
pensamento infantil. As coisas da terra
se localizam na borda inferior da folha, as coisas do céu na parte superior. Há
uma proporção entre as figuras, e há uma integração dos temas;
· A criança descobre desta forma que
faz parte de um todo maior e que se vincula
um meio ordenado, mudando da posição egocêntrica para uma atitude de
cooperação. Esta habilidade para vincular coisas em seus trabalhos é do mesmo
tipo que o utilizado para vincular letras às palavras; portanto, a linha de
base indica que a criança aprenderá a ler e a escrever com mais facilidade, o
que deveria servir de orientação para pais e professores;
· Em relação à cor, a criança também
descobre uma ordem lógica, ligando cada objeto a uma cor definida. Este esquema
de cor está arraigado às próprias experiências da criança e será sempre
repetido (estas repetições não expressam rigidez, mas a descoberta de uma nova
experiência e o prazer de seu domínio);
· As principais características da
fase esquemática são as seguintes:
1. Organização da forma no espaço;
2. As figuras do desenho se relacionam
umas com as outras;
3. Aparecimento de linha de base e
linha de céu;
4. Desenho tipo raio-x e vista aérea;
5. Representação do espaço e do tempo
(seqüência de desenhos);
6. Aparecimento de recursos gráficos
(indicando som, dor, sentimentos, movimento, com uso de símbolos de HQ);
7. Relação da cor e realidade;
8. Representação da figura humana.
4-) FASE DO
REALISMO (DE 9 A 12 ANOS APROXIMADAMENTE):
· Sua produção artística sofre
sensíveis mudanças. Não é uma representação baseada na observação visual, mas
na realidade sentida e caracterizada pela própria criança;
· A linha de base é substituída pelo
plano de base e o céu desce até ele, embora a criança não saiba ainda o
significado da linha do horizonte. Apresenta noção de perspectiva, ou seja, os
desenhos já dão impressão de profundidade e distância;
· Nesta fase a criança adquire
consciência da sobreposição;
· A figura humana é mais rígida,
havendo grande atenção nas roupas diferenciando os sexos;
· Não usa exageros ou omissões, mas acumulam
detalhes as partes emocionalmente mais importantes;
· Nesta fase, o estímulo e a motivação
do professor é necessária devido à presença de autocrítica, pois julgam seus
trabalhos infantis e muitas vezes deixam e fazê-los desinteressando-se. Por
isso é muito importante aproveitar o desejo de experimentação, exploração e
invenção desta fase para incrementar sua produção artística, incentivando-os a
pesquisar materiais de expressão, determinando suas próprias relações com o
meio, sem preocupações com um resultado artístico ou não.
DADOS PESQUISADOS POR:
Paula Cristina Ribeiro Alvarenga – Pedagoga da Rede Municipal
BIBLIOGRAFIA:
DERDYK, Edith. Formas de pensar o desenho. São Paulo:
Scipione, 1989.
MARTINS, Mirian Celeste. Aprendiz da Arte – trilhas do
sensível olhar pensante.
MEREDIEU, Florence de. O desenho infantil. São Paulo,
Cultrix, 1979.
LOWENFELD, Viktor. A criança e sua Arte. São Paulo, Mestre
Jou, 1977.
PROFESSOR DA PRÉ-ESCOLA – Fundação Roberto Marinho. Rio de
Janeiro: FAE, 1991 – volume I.
Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto de
Psicologia da Universidade de São Paulo – O espaço do Desenho : A Educação do
Educador – Ana Angélica Albano Moreira – Orientador :Dr. Lino de Macedo.
__________________________________________________ Algumas obras de Artes ...
- GARATUJAS
- ESQUEMÁTICO E REALISMO
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